19 de outubro de 2011

Novo Estado

O Novo Estado já cheira a Estado Novo. Foi ao que vieram, não há razão para ninguém ficar pasmado. Abril de 74 falhou. Nunca Portugal conseguiu recuperar o atraso provocado por décadas de ditadura; as graves lacunas da alfabetização, da cultura, dos apoios sociais e da saúde deficiente nunca foram totalmente restabelecidas e acabaram por nunca chegar a todos e a ser para todos. A agricultura de subsistência e uma indústria paupérrima nunca conseguiram evoluir e equiparar-se aos mesmos sectores de alguns países pouco mais desenvolvidos que Portugal. Estivemos sempre vários passos atrás; estivemos sempre a dezenas de anos da Espanha, por exemplo, não é preciso ir mais longe.

Os primeiros governantes do pós 25 de Abril conseguiram algumas proezas; o marasmo era tão flagrante que qualquer coisa que fosse feita seria bem feita. Mas o efeito durou pouco mais que dúzia e meia de anos. Na entrada dos anos noventa, a “Social Democracia” começou a minar a Democracia. Começou a aposta no alcatrão, as primeiras parcerias Público/Privado, as primeiras negociatas. Destruiu-se então a pouca agricultura que tínhamos, pagou-se para não produzir, pagou-se para acabar com as pescas, comprometeu-se o desenvolvimento industrial e a educação ao aplicar os dinheiros que chegavam a rodos em alcatrão. Acabou-se com as linhas de caminho de ferro. Nessa altura não foram demasiado fundo, em comparação com o que estão agora a fazer. Não foram fundo por mera ignorância e incapacidade (compare-se com o exemplo da actual Presidência da República gerida a partir do Facebook – uma nulidade).
Veio a seguir um Partido Socialista acéfalo, burro, que em vez de apostar no que tinha de apostar, continuou a canalizar os dinheiros para as negociatas e os compadrios que vinham de trás e precisavam de ser alimentados. Uma máquina que destrói quem não a alimenta. Era preciso ter coragem. Não a tiveram, agora não se podem queixar!
O Povo desacreditou o Socialismo e quis mudar. O Povo não quis esta Direita; apenas quis mudar. A Direita voltou para terminar o que não conseguiu nos anos noventa.
Portugal compara-se a um doente que padeceu de uma pneumonia gravíssima, tão gravíssima que levou uma eternidade a curar. Mas nunca ficou bem curada. Deram alta ao doente demasiado cedo. O pobre, mal saiu à rua, caiu-lhe logo um nevão no lombo que nunca mais se vai endireitar!

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